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Nada te prepara para o momento que você percebe que a sua criança está cada vez menos dependente de você e que isso não te alivia…


Faz uma semana que não preciso colocar o Bê para dormir. Uma semana que ele lê comigo, deita e me diz "boa noite mamãe, pode ir."


E aquilo que parecia ser algo tão bom, tão libertador… veio como um soquinho no estômago que me lembra que tudo, absolutamente tudo, é passageiro.


Quando ele tinha 6 meses, comprei um curso de sono. Meu objetivo era que ele não dependesse da minha ajuda pra dormir, ganhasse independência e eu pudesse fazer minhas coisas.


Agora são 20h36 e estou há 35 minutos meio perdida. Agora que ele dormiu sozinho e eu posso fazer minhas coisas, tudo que quero é estar deitada com ele na minha cama.


É engraçado, essa tal de autonomia. Eu acordo todos os dias empenhada em garantir que ele cresça com habilidades, entendimento e compreensão do que a vida exige para que ele seja funcional. Por que não é esse o objetivo? E aí, quando a autonomia se apresenta nua a crua na nossa frente… bem, nem sempre soa como uma vitória.


Eu sei de onde isso vem e o quanto tem camadas pouco saudáveis de como enxergo o crescimento do Bê e minha noção de autovalor como mãe.

Mas eu também sei que se eu soubesse dessa sensação mista que estou aqui sentido agora, eu certamente teria me importado menos com essa independência do sono há 5 anos. Eu teria cheirado aquela cabecinha de neném, teria olhando seus dedinhos minúsculos.


Eu não acredito que essa sensação de saudade seja universal nem que seja um determinante do quanto somos mães afetuosas. Mas para mim, esse aperto que só a saudade de algo que ainda nem acabou causa, é minha evidência de que eu quero muito estar onde estou agora.


Eu sei que crio ele para o mundo. E que talvez, em 15-20 anos, nos veremos cerca de 3-4x no ano. Eu sei que crio ele para ter confiança em si mesmo e, um dia, me ver apenas com gratidão e não como um recurso.


Mas, na calada da noite (nem tão calada porque falei disso com 3 amigas e com Henrique), me permito sentir que tudo que eu queria era parar o tempo, a

qui e agora, e sempre tê-lo bem aqui…


Dos dilemas maternos, esse é o que mais tenho dificuldade de aceitar: o crio para o mundo, mas ele sempre será o meu…

 
 
 

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Eu decidi voltar a me exercitar de verdade, motivada pelas dores no joelho e pela dificuldade para dormir.


Só que, para fazer isso com uma amiga (o que me motiva e me anima muito), eu preciso sair antes do Bê ir para a escola e chego quando ele já saiu. E aí, claro, senti uma onda de culpa.


Culpa por me priorizar, como se isso significasse que estou colocando ele de lado.
Culpa por precisar de companhia e não conseguir ir sozinha, como se eu tivesse que fazer algo que não gosto só para não abrir mão desse tempo com ele.
Culpa por deixar o Henrique cuidar de tudo de manhã, como se eu nunca pudesse fazer isso também.

E a verdade dura, porém libertadora, é:

a culpa sempre vai dar um jeito de aparecer.

Às vezes ela é um sinal e nos mostra pontos que podemos melhorar. Mas, muitas vezes, a culpa é só uma forma de continuar negligenciando nossas necessidades e desejos.


Então, resolvi seguir o conselho que sempre dou nos meus atendimentos: vai com culpa mesmo.


No começo, a culpa parece maior do que a gente consegue lidar. Mas, aos poucos, colhemos os frutos que só o autocuidado real traz: autoestima, autoconfiança, clareza nas ideias, boas noites de sono… E aí percebemos:


cuidamos deles quando cuidamos de nós.

É fácil falar, mas tão difícil colocar em prática. Somos praticamente treinadas a vida toda para nos sentir mal por estar bem, para viver em autonegligência em nome do outro. Mas o preço de viver assim é o que realmente deveria nos assustar: ressentimento, raiva por não poder ter o que se quer e a tendência de culpar quem, muitas vezes, não tem nada a ver com esse sofrimento autoimposto.


Eu gosto de pensar que um dos maiores presentes que posso dar para o Bê é uma mãe feliz e realizada, que enxerga seu valor, entende suas necessidades e as atende sempre que pode. Porque não há nada que ensine mais do que o exemplo. E não tem nada que eu queira mais do que um filho que se prioriza, se cuida e se valoriza.


E, para isso, eu preciso começar por mim.

 
 
 

Antes de ser mãe sempre me imaginei sendo mãe de menina. Afinal, que mulher não foi treinada, desde a infância, a manter uma bebê - que nem cabelo tinha - toda arrumadinha, com lacinhos e vestidinhos fofos? Além disso, os assuntos femininos já faziam parte do meu repertório e estava prontíssima para educar uma garotinha segura de si e livre de opressões de gênero.


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Joguei para o universo e… Recebi um “manezinho” - apelido carinhoso para quem, assim como o meu filho, teve a sorte de nascer na Ilha da Magia. Mas foi ao me deparar com a ultrassonografia que me dei conta que não sabia nada sobre educar meninos. Passado quatro anos, continuo achando que falamos pouco sobre a educação dos meninos - afinal, não basta parir e largar o moleque com uma bola e um carrinho que dá tudo certo… Será?


Eu tenho minhas dúvidas. Vira e mexe me pego pesquisando árvore genealógica de super herói, o histórico dos Power Rangers, fico chocada com quão baixinho é o Wolverine, descubro quais são os tipos de escavadeiras e seus usos e, temo que muito em breve será o meu momento de (finalmente) entender as regras do tal do impedimento no futebol.


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Brincadeiras à parte, acredito que o clichê de que “meninos dão menos trabalho”, apenas criou precedentes para sermos mais negligentes - ainda que inconscientemente - com o cuidado que oferecemos a eles: damos menos atenção aos seus dilemas e reclamações, economizamos carinho, somos menos tolerantes quando eles expressam medos ou tristezas. Não é de se espantar que nossos garotinhos, tão amáveis, se tornem marmanjos que não sabem demonstrar emoções, que são fechados demais e custam a buscar ajuda.


Ao me tornar mãe de menino, finalmente entendi que a única forma de ser “mais fácil” era estar ignorante às necessidades de um ser humano. Mas esse caminho cobra um preço alto lá na frente. Educar qualquer ser humano de maneira positiva e respeitosa é sempre difícil. Seja menino ou menina, educar exige um olhar crítico constante para tudo que acreditamos ser verdade até então.


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Se você é mãe (ou pai) de menina, eu entendo completamente a sua preocupação. Afinal, foi como eu vim ao mundo e conheci de perto todos os desafios exigidos para se tornar mulher. Mas se você tem um menino, não deixe que as mentiras que nos contaram fiquem entre a relação de vocês! Abrace seus pequenos, ofereça colo quando houver medo, deixe que eles chorem e se entristeçam quando houver motivo e aceitem o amor que eles têm pra oferecer! E aqui, me dou conta de que cometi um grande equívoco. Tem uma forma de deixar mais fácil sem apelar para a negligência: basta deixar o amor fluir.

 
 
 
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