- Beca Yamashita

- 5 de ago.
- 2 min de leitura

Eu viajei e fiquei 3 dias e 2 noites sem o Bê — o máximo de tempo que já tínhamos passado separados antes era 36 horas.
E foi tudo tranquilo… até eu voltar e me deparar com uma realidade para a qual eu não estava preparada:
Estou me tornando cada vez menos “necessária” pro Bê.
E isso me assusta tanto quanto me empolga.
Desde a gravidez, eu penso em como parte de ser mãe é, aos poucos, se tornar desnecessária. Isso é criar um futuro adulto funcional e autossuficiente… mas a verdade é que encarar esse processo na prática é bem mais difícil do que parecia na teoria.

Quando cheguei de viagem, fui buscá-lo na casa da minha mãe. Fui recebida com amor, carinho de saudade e um:
“Posso dormir aqui na vovó?”
Eu esperava um grude, do tipo “só a mamãe serve”, e confesso que isso mexeu comigo. A ponto de me perguntar: Será que estou errando em algo que o faz me querer menos?
Conversas, desabafos e muitas racionalizações depois… percebi:
Era só uma criança crescendo.
Parte da dificuldade de aceitar esse crescimento tem a ver com o quanto passei a atrelar meu autovalor à forma como o Bê precisa de mim.
E isso… é perigoso.
Pensa que injusto:
Eu quase preferia que ele tivesse “sofrido” mais com a minha ausência, só para eu sentir que sou útil e valiosa.
(E eu sou. Independente da recepção pós-viagem.)
Então, desde que voltei, comecei uma nova fase.
A fase de aprender a entender quem eu sou pro Bê, além de ser a pessoa que atende às necessidades dele.
E foi quase como um sinal do destino quando uma amiga muito sábia me disse:
“Maternar impõe o serviço.”
Talvez seja isso que tenha feito eu enxergar meu valor pela lente do fazer, em vez da lente do ser.
Mas maternar precisa ser além disso.

Maternar precisa impor também o autoconhecimento, a autoestima, a busca pelo que nos preenche além dos filhos e a consciência de que nosso valor não pode estar no que fazemos, e sim no que somos.









