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O processo de se tornar "desnecessária"


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Eu viajei e fiquei 3 dias e 2 noites sem o Bê — o máximo de tempo que já tínhamos passado separados antes era 36 horas.


E foi tudo tranquilo… até eu voltar e me deparar com uma realidade para a qual eu não estava preparada:


Estou me tornando cada vez menos “necessária” pro Bê.

E isso me assusta tanto quanto me empolga.


Desde a gravidez, eu penso em como parte de ser mãe é, aos poucos, se tornar desnecessária. Isso é criar um futuro adulto funcional e autossuficiente… mas a verdade é que encarar esse processo na prática é bem mais difícil do que parecia na teoria.


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Quando cheguei de viagem, fui buscá-lo na casa da minha mãe. Fui recebida com amor, carinho de saudade e um:


“Posso dormir aqui na vovó?”

Eu esperava um grude, do tipo “só a mamãe serve”, e confesso que isso mexeu comigo. A ponto de me perguntar: Será que estou errando em algo que o faz me querer menos?


Conversas, desabafos e muitas racionalizações depois… percebi:


Era só uma criança crescendo.


Parte da dificuldade de aceitar esse crescimento tem a ver com o quanto passei a atrelar meu autovalor à forma como o Bê precisa de mim.

E isso… é perigoso.


Pensa que injusto:

Eu quase preferia que ele tivesse “sofrido” mais com a minha ausência, só para eu sentir que sou útil e valiosa.


(E eu sou. Independente da recepção pós-viagem.)


Então, desde que voltei, comecei uma nova fase.

A fase de aprender a entender quem eu sou pro Bê, além de ser a pessoa que atende às necessidades dele.


E foi quase como um sinal do destino quando uma amiga muito sábia me disse:


“Maternar impõe o serviço.”

Talvez seja isso que tenha feito eu enxergar meu valor pela lente do fazer, em vez da lente do ser.


Mas maternar precisa ser além disso.


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Maternar precisa impor também o autoconhecimento, a autoestima, a busca pelo que nos preenche além dos filhos e a consciência de que nosso valor não pode estar no que fazemos, e sim no que somos.


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