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Meninos dão menos trabalho?

Antes de ser mãe sempre me imaginei sendo mãe de menina. Afinal, que mulher não foi treinada, desde a infância, a manter uma bebê - que nem cabelo tinha - toda arrumadinha, com lacinhos e vestidinhos fofos? Além disso, os assuntos femininos já faziam parte do meu repertório e estava prontíssima para educar uma garotinha segura de si e livre de opressões de gênero.


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Joguei para o universo e… Recebi um “manezinho” - apelido carinhoso para quem, assim como o meu filho, teve a sorte de nascer na Ilha da Magia. Mas foi ao me deparar com a ultrassonografia que me dei conta que não sabia nada sobre educar meninos. Passado quatro anos, continuo achando que falamos pouco sobre a educação dos meninos - afinal, não basta parir e largar o moleque com uma bola e um carrinho que dá tudo certo… Será?


Eu tenho minhas dúvidas. Vira e mexe me pego pesquisando árvore genealógica de super herói, o histórico dos Power Rangers, fico chocada com quão baixinho é o Wolverine, descubro quais são os tipos de escavadeiras e seus usos e, temo que muito em breve será o meu momento de (finalmente) entender as regras do tal do impedimento no futebol.


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Brincadeiras à parte, acredito que o clichê de que “meninos dão menos trabalho”, apenas criou precedentes para sermos mais negligentes - ainda que inconscientemente - com o cuidado que oferecemos a eles: damos menos atenção aos seus dilemas e reclamações, economizamos carinho, somos menos tolerantes quando eles expressam medos ou tristezas. Não é de se espantar que nossos garotinhos, tão amáveis, se tornem marmanjos que não sabem demonstrar emoções, que são fechados demais e custam a buscar ajuda.


Ao me tornar mãe de menino, finalmente entendi que a única forma de ser “mais fácil” era estar ignorante às necessidades de um ser humano. Mas esse caminho cobra um preço alto lá na frente. Educar qualquer ser humano de maneira positiva e respeitosa é sempre difícil. Seja menino ou menina, educar exige um olhar crítico constante para tudo que acreditamos ser verdade até então.


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Se você é mãe (ou pai) de menina, eu entendo completamente a sua preocupação. Afinal, foi como eu vim ao mundo e conheci de perto todos os desafios exigidos para se tornar mulher. Mas se você tem um menino, não deixe que as mentiras que nos contaram fiquem entre a relação de vocês! Abrace seus pequenos, ofereça colo quando houver medo, deixe que eles chorem e se entristeçam quando houver motivo e aceitem o amor que eles têm pra oferecer! E aqui, me dou conta de que cometi um grande equívoco. Tem uma forma de deixar mais fácil sem apelar para a negligência: basta deixar o amor fluir.

 
 
 

2 comentários


Daniele BG
Daniele BG
30 de ago.

Que texto! De fato, os meninos acabam sendo, frequentemente, invalidados no "sentir" e hoje sabemos quão importante é reconhecermos em nós o que não vai bem para podermos agir. Isso muda tudo. Parabéns!

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carolkukiyama
30 de ago.

Gostei da reflexão… não existe fácil quando se trata de criar (bem) e educar um ser humano. São universos complexos, cada um com suas necessidades e particularidades.

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